quinta-feira, 27 de julho de 2023

Gator Bait (Isca Perigosa, 1974) | Dir: Beverly Sebastian



Por Maurício Castro.

Desiree Thibodeau (a playmate da Playboy de Novembro de 1969, Claudia Jennings) é uma espécie de Juma Maruá dos pântanos da Lousiana. Leva uma vida pacata ao lado do casal de irmãos mais novos, e se alimenta de crocodilos caçados à unha. Numa tarde, Desiree sofre um ataque do jovem policial Billy Boy (que também é filho do Xerife local) e o caipira Ben. A dupla acha que será fácil "dar umazinha" com a selvagem, mas levam a pior. Na ocasião, Billy mata o amigo acidentalmente, porém, a história que chega aos ouvidos o Xerife é outra. A moça é tida como culpada do incidente, e agora é vítima de uma caçada mato adentro, promovida pela família capira do morto, pelo Xerife e seu filho. Porém, esses homens não sabem que Desiree é quase um Rambo de saias, ou melhor, de shortinho jeans, e conheçe o pântano como ninguém. Gator Bait mistura diversos estilos de Explotaition e acaba sendo uma experiência bem divertida. Sua curta duração ajuda no ritmo e sua trilha sonora de Cajun Music e Zydeco animam as perseguições de barco. Em 1988, foi lançada a sequência: Gator Bait II - Cajun Justice. Fique agora com as fotos de Claudia Jennings peladinha na revista Playboy.na resta Playboy






A Comunidade (La Comunidad, 2000) | Dir: Álex de la Iglésia.



 Por Maurício Castro

Julia (Carmen Maura, ganhadora do Goya pelo papel) é uma corretora de imóveis picareta que costuma usar apartamentos da imobiliária em benefício pessoal. Numa dessas ocasiões, o morador do andar de cima morre, com direito a visita de bombeiros e corre corre na vizinhança. Julia descobre que o quarto do falecido guarda uma grande quantia em dinheiro, porém, ela não é a única a saber disso. Em A Comunidade, Álex de la Iglésia cria uma comédia de situações absurdas e humor mórbido. Misturando elementos de terror e suspense, A Comunidade é um filme menor do diretor do (maravilhoso) El Dia de La Bestia, porém, divertido e competente.

Blood Games (1990) | Dir: Tanya Rosenberg



Por Maurício Castro

A festa de aniversário de Roy, um brucutu sulista com pinta de Kevin Sorbo, é um acontecimento local, ao menos em seu meio Redneck. Por ser filho de um veterano de guerra, muito influente na região, toda a qualidade de degenerados, tarados e pervertidos comparecem ao evento. Para animar o dia, o time feminino de Baseball "Babe & The Ball Girls" é desafiado pelos convidados para uma partida "amistosa" valendo a quantia de mil dólares ao vencedor. As garotas usam uniformes curtos que a cada corrida deixam à mostra seus dotes físicos. E mesmo com as investidas violentas da equipe masculina, as moças saem vitoriosas. Porém, o pai de Roy tem seu ego machista afetado pela derrota, e se nega a pagar sua dívida. O treinador das "Ball Girls" munido de um revólver, decide cobrar a dívida, um ato que irá desencadear em violência e vingança. A partir desse ponto temos a perseguição de uma gangue de caipiras às moças, que bordo do seu ônibus lutam pela sobrevivência pelas estradas do sul. 


Blood Games é uma homenagem aos exploitations dos anos 70 em sua essência. Resgatando subgêneros como rape and revenge, women in prison e hicksploitation, o longa usa de todos os artíficios sórdidos de produções antigas numa roupagem noventista. Ou seja, se obras como I Spit in Your Grave, Gator Bait e Big Bird Cage lhe ofendem, passe longe de Blood Games. Afinal, o filme é gráfico em materia de violência sexual e misoginia. Contudo, você será recompensado com uma vingança de mesmo nível e verá muito macho escroto se fudendo. 

Tanya Rosenberg tem apenas Blood Games em sua breve carreira na direção. E sua abordagem na temática pode ser muito comparada a Slumber Party Massacre. Calma, explico. Assim como o slasher de 1982, o longa de Tanya mostra mulheres fortes, tendo que se unir contra a violência masculina, ao mesmo tempo em que as explora focando muito em peitos de fora, bundas e quase, um nu frontal. Ou seja, assim como o exploitations clássicos, usa a "força feminina" como pretexto para uma velha e boa putaria. 

A revista Variety, em edição de 18 de Março de 1991, definiu Blood Games como "uma entrada atraente, mas desinteressante para os fãs de vídeo, observando que a direção de Tanya Rosenberg estava "abaixo da média" e que o "elenco é atraente, mas nunca convincente como atletas. A atuação geralmente é ruim". Acho que discordamos da revista, pois Blood Games se mostra sim, uma boa diversão, claro, se você estiver acostumado com a linguagem apelativa e não queria problematizar um longa dos anos 1990.


Como curiosidade, a filha do diretor brasileiro Carlos Manga está no elenco. Creditada como Paula Hunter, Paula Manga protagoniza uma das cenas mais cruéis de Blood Games. Mais tarde a atriz faria novelas globais, como Deus nos Acuda e Kubanacan, e em 1993, posaria pelada na revista Sexy. Infelizmente não encontramos fotos do ensaio para satisfazer sua curiosidade. 

Paula Manga


segunda-feira, 4 de abril de 2022

Benedetta (2021) | Dir: Paul Verhoeven

 


Antes de começar essa sinopse, lhe pergunto: você se considera um defensor (ou defensora) da moral e dos bons costumes? Acredita na trindade deus, pátria e família? Bom, se você respondeu sim, essa sinopse não é para você, assim como, Benedetta não é um filme para você.

Bom, agora que ficamos a sós, você e eu, podemos começar a falar de freiras lésbicas, satanismo e imagens de santa usadas como dildo. Eu avisei. Você está aqui por vontade própria.

Baseado no livro Atos Impuros, de Judith C. Brown, o longa de Paul Verhoeven recria o primeiro caso de romance homoafetivo registrado pela igreja católica. Benedetta Carlini ainda na infância é deixada num convento como pagamento da promessa feita pelo pai. Nos primeiros momentos, Benedetta já se mostra um ponto fora da curva. Tem visões nada santas com a figura de Jesus e desejos que nada condizem com uma noviça. Com a chegada de uma estranha ao local, eventos estranhos irão acontecer e o moralismo católico cairá sobre Benedetta com toda sua força.


Benedetta foi vendido como “o filme que chocou Cannes” (ô turminha que se choca nesse festival, hein). Contudo, realmente, Benedetta é um filme que não se assiste com a família no sofá numa tarde de domingo. E digamos que, sutileza não é o forte de Paul Verhoeven. O sexo e o sangue no longa não se escondem. Ótimo filme para uma dobradinha com The Devils, do Ken Russell.



Titane (2021) | Dir: Julia Ducornau

 


Após Raw ter chocado as plateias mais sensíveis nos festivais europeus e espectadores incautos da Netflix, Julia Ducornau retorna com mais um longa esquisito, indigesto e muito interessante.

Quando criança, Alexia é vítima de um acidente de carro, tendo que implantar uma placa de Titânio na cabeça. Os anos passam e Alexia trabalha com performances de dança em eventos automotivos. Alexia é uma celebridade nesse meio underground. Acumula admiradores, alguns deles bem excêntricos, diga-se de passagem. 


A relação de Alexia com o meio automobilístico vai além da profissão. Ela tem uma atração carnal pelo seu carro, chegando a consumar relações sexuais com a máquina. Numa dessas ocasiões, Alexia engravida do veículo. Sim, isso mesmo que você leu! Não se preocupe, toda a sinopse até agora são apenas os minutos iniciais do longa. Tanto que, um dos defeitos do filme é justamente abandonar quase completamente essa premissa ao longo de sua duração.

Titane parece uma colcha de retalhos que une em uma produção três roteiros totalmente distintos tentando liga-los através de uma linha narrativa. Porém, falta equilíbrio para lidar com tanta informação. Temos aqui um filme sobre paternidade, serial-killers e... uma mulher que transa com um carro.

Mesmo mal resolvido, Titane tem momentos brilhantes (destaque para a cena da festa do corpo de bombeiros ao som de Lighthouse, do grupo Future Islands). O longa tem em seu subtexto debates que vão além de sua aparente excentricidade. Masculinidade tóxica, luto, maternidade, no fundo, sob a camada da estranheza, Titane é sobre essas coisas. 



sábado, 25 de dezembro de 2021

Os Mansos (1972) | Dir: Braz Chediak, Pedro Carlos Rovai e Aurelio Teixeira).

 

 

Uma trilogia de histórias cujo tema em comum é (como o nome já entrega) o corno. A primeira (e melhor) se resume a uma piada clássica sobre bunda, com Sandra Bréa e José Lewgoy. A segunda, se destaca pela presença de Paulo Coelho no papel principal! Isso mesmo, o autor de bestsellers faz aqui um marido que se recusa a aceitar o chifre. A terceira, e mais fraca, mostra um trio de amigos se dando mal na noite carioca. Uma curiosidade: numa cena de boate, toca (na íntegra) Rock and Roll, do Led Zeppelin, e um trecho de Black Dog na sequência. Óbvio que Robert Plant e sua turma nunca devem ter visto um tostão desse uso.

The Exterminator (1980) | Dir: James Glikenhaus.

 

 

Na época de seu lançamento, Roger Ebert definiu The Exterminator como "um exemplo doentio da quase inacreditável descida à selvageria macabra nos filmes americanos". John e Michael são veteranos do Vietnã que trabalham em um depósito de alimentos. Após evitar o assalto de uma gangue, Michael é agredido em represália e fica paraplégico. Agora, John vai vingar seu amigo, e por tabela, executar todo criminoso que cruzar seu caminho. Indo muito mais longe que Taxi Driver e Hardcore, de Paul Schrader, The Exterminator eleva o nível de uma Nova York suja, violenta, punk e obscena. Sutileza aqui não tem vez. Mafiosos jogados em moedor de carne, abusadores incinerados, ou seja, cinema exploitation raiz e sem medo.