Após
Raw ter chocado as plateias mais sensíveis nos festivais europeus e
espectadores incautos da Netflix, Julia Ducornau retorna com mais um longa
esquisito, indigesto e muito interessante.
Quando
criança, Alexia é vítima de um acidente de carro, tendo que implantar uma placa
de Titânio na cabeça. Os anos passam e Alexia trabalha com performances de
dança em eventos automotivos. Alexia é uma celebridade nesse meio underground.
Acumula admiradores, alguns deles bem excêntricos, diga-se de passagem.
A
relação de Alexia com o meio automobilístico vai além da profissão. Ela tem uma
atração carnal pelo seu carro, chegando a consumar relações sexuais com a
máquina. Numa dessas ocasiões, Alexia engravida do veículo. Sim, isso mesmo que
você leu! Não se preocupe, toda a sinopse até agora são apenas os minutos
iniciais do longa. Tanto que, um dos defeitos do filme é justamente abandonar
quase completamente essa premissa ao longo de sua duração.
Titane
parece uma colcha de retalhos que une em uma produção três roteiros totalmente distintos
tentando liga-los através de uma linha narrativa. Porém, falta equilíbrio para
lidar com tanta informação. Temos aqui um filme sobre paternidade,
serial-killers e... uma mulher que transa com um carro.
Mesmo
mal resolvido, Titane tem momentos brilhantes (destaque para a cena da festa do
corpo de bombeiros ao som de Lighthouse, do grupo Future Islands). O longa tem
em seu subtexto debates que vão além de sua aparente excentricidade. Masculinidade
tóxica, luto, maternidade, no fundo, sob a camada da estranheza, Titane é sobre
essas coisas.
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