sábado, 25 de dezembro de 2021

Os Mansos (1972) | Dir: Braz Chediak, Pedro Carlos Rovai e Aurelio Teixeira).

 

 

Uma trilogia de histórias cujo tema em comum é (como o nome já entrega) o corno. A primeira (e melhor) se resume a uma piada clássica sobre bunda, com Sandra Bréa e José Lewgoy. A segunda, se destaca pela presença de Paulo Coelho no papel principal! Isso mesmo, o autor de bestsellers faz aqui um marido que se recusa a aceitar o chifre. A terceira, e mais fraca, mostra um trio de amigos se dando mal na noite carioca. Uma curiosidade: numa cena de boate, toca (na íntegra) Rock and Roll, do Led Zeppelin, e um trecho de Black Dog na sequência. Óbvio que Robert Plant e sua turma nunca devem ter visto um tostão desse uso.

The Exterminator (1980) | Dir: James Glikenhaus.

 

 

Na época de seu lançamento, Roger Ebert definiu The Exterminator como "um exemplo doentio da quase inacreditável descida à selvageria macabra nos filmes americanos". John e Michael são veteranos do Vietnã que trabalham em um depósito de alimentos. Após evitar o assalto de uma gangue, Michael é agredido em represália e fica paraplégico. Agora, John vai vingar seu amigo, e por tabela, executar todo criminoso que cruzar seu caminho. Indo muito mais longe que Taxi Driver e Hardcore, de Paul Schrader, The Exterminator eleva o nível de uma Nova York suja, violenta, punk e obscena. Sutileza aqui não tem vez. Mafiosos jogados em moedor de carne, abusadores incinerados, ou seja, cinema exploitation raiz e sem medo.

The Amusement Park (1973/2019) | Dir: George Romero

 

 

Considerado perdido até 2017, Amusement Park ganhou uma remasterização em 4K, além de lançamento e distribuição pela Shudder. Romero havia sido contratado pela Lutheran Society of Western Pennsylvania para realização de um longa educativo sobre abuso aos idosos. O que seria um trabalho institucional, nas mãos de Romero, se transforma em um delírio de humor ácido, psicodélico e absurdo. Um exploitation raiz, disfarçado de filme educativo, tipo Alice in Acidland, lembra? Amusement Park é nesse momento meu filme favorito de George Romero, e muito compreensível que tenha sido um projeto engavetado, pois ainda hoje, é um filme bem estranho.

Animales Humanos (2020) | Dir: Lex Ortega.

 

 

Em um condomínio de luxo, um casal e sua filha pequena sofrem constantemente com o inconveniente cachorro dos vizinhos. Jagger é um capa-preta hostil, e os donos, ativistas radicais da causa animal, são relapsos quanto a disciplina do bichano. A situação se torna insustentável quando Jagger morde a criança. Os pais da menina pedem providências da segurança pública, ato que resulta na execução do cão. Agora a família terá que lidar com a vingança dos donos. O longa mexicano que inicialmente pretende abrir uma discussão "criança vs animal" se torna um horror de invasão a domicílio, caindo no lugar comum e nas saídas fáceis e batidas do gênero. Principalmente na falta de perspicácia tanto das vítimas quanto dos vilões. Porém, os efeitos de gore salvam o longa e pode ser uma produção bem incomoda aos mais sensíveis com o tema animal. Disponível no Prime Vídeo.

The Velvet Underground (2021) | Dir: Todd Haynes.

 

 

Com uma narrativa entre o convencional e o experimental, o documentário de Todd Haynes (Velvet Goldmine e Não Estou Lá) recebeu elogios em Cannes. O longa é contado a partir de áudios antigos de membros já falecidos (Reed, Yule e Morrison) e entrevistas com John Cale e Moe Tucker. Enquanto isso, rolam cenas dos filmes de Andy Warhol e imagens raras da banda em shows. O resultado é um rima visual que capta toda a estranheza e genialidade da banda. Abordando os quatro álbuns (ignorando o oportunista Squeeze, lançado por Yule e sem nenhum membro original), a saída de Cale, que tornaria o som mais palatável e comercial após White Light/White Heat, as experiências traumáticas de Lou Reed com eletrochoques na adolescência, tudo isso em meio a bares gays, becos sujos de Nova York e a música de vanguarda de La Monte Young. Aprovado por esse fã de carteirinha que vos escreve.

Freaky - No Corpo de um Assassino (2020) | Dir: Christopher B. Landon

 

 

Produção da Blumhouse que segue a ideia de Sexta-Feira Muito Louca, ou para nós, brasileiros, Se Eu Fosse Você. Um serial killer imparável ataca uma jovem com uma adaga enfeitiçada. Apesar da garota sobreviver, seus corpos são trocados no dia seguinte. Mesmo com a premissa boba e o roteiro cheio de conveniências, Freaky tem momentos hilários e o um gore extremo. Vince Vaughn está ótimo como uma menina de 15 anos de dois metros. Boa mistura de slasher e comédia de sessão da tarde.

The Square (A Arte da Discórdia, 2017) | Dir: Ruben Östlund

 

 
 
Christian é um pedante e egocêntrico gerente de uma galeria de arte contemporânea em Estocolmo. O negócio não anda lá muito bem e ele precisa dar novos ares ao local. Para isso, decide expor uma instalação polêmica que causará constrangimento generalizado. The Square é uma produção sueca que dialoga diretamente com o humor estranho do cinema de Yorgos Lanthimos. Baseado na vergonha alheia, tem momentos de gargalhar, mas você não tem certeza se deveria estar rindo de tais absurdos. Embora tenha uns 25 minutos além do necessário, e se perder da premissa em diversos momentos, The Square é indicado aos fãs de filmes esquisitos e pessoas com um senso de humor excêntrico.

Sons of Sam (Minissérie Netflix)

 

 

Quando o serial Killer David Berkowitz é preso, a polícia de Nova York acredita ter solucionado o caso do Filho de Sam. Porém, o jornalista Maury Terry suspeita que um culto esteja ligado às mortes e dedica a vida a provar sua teoria. Sons of Sam é um exercício de especulação. Entretanto, a narrativa e as evidências aqui são tão bem colocadas que é muito difícil não concordar com Terry. De bônus, a série possui um acervo gigante de imagens da Nova York decadente dos anos 1970. Toda a sujeira e profanação urbana reforça o caráter pessimista da obra. Ah, e são apenas quatro episódios.

Censor (2021) | Dir: Prano Bailey-Bond

 

 
Em 1985, Enid trabalha para o órgão de censura do governo da Inglaterra cortando filmes considerados obscenos, violentos ou que possam ferir a moral e conduta inglesa. Esses filmes, em sua maioria longas de horror, formam a famigerada lista dos Video Nasties. Enid em meio a isto vive uma tragédia pessoal, sua irmã fora sequestrada na infância, e seguidamente ela tem gatilhos do passado enquanto assiste aos vídeos. Um filme em especial, Don't Go in The Church, irá despertar em Enid pistas sobre o caso do desaparecimento. Censor homenageia a fase áurea das videolocadoras e do cinema gore através de recortes de clássicos da época, referências visuais e não se limita a isso. É um trabalho, que embora previsível, se sustenta bem em sua duração. Para saber mais sobre Video Nasties, assista Ban The Sadists Videos! (2005) no Tubi