domingo, 8 de setembro de 2019

Pecado Horizontal (1982) | Dir: José Miziara - Crítica



Por Mauricio Castro

Em 1982, a pornochanchada já mostrava sinais de esgotamento. Começavam a ganhar terreno os filmes hardcore e a comédia perdia espaço para o sexo explícito. Porém, é nesse tempo crepuscular, no clima de "fim de festa", é que José Miziara nos entrega a deliciosa comédia erótica Pecado Horizontal. 

A premissa é um fio de roteiro: os primos Marcos, Bruno e Guina se encontram após 15 anos no casamento do pai de Guina. Entre encarar a cerimônia ou ir pro bar colocar o papo em dia, eles obviamente, escolhem a segunda opção. A partir daí temos uma contação de histórias, em flashback, da vida de cada um, sempre tendo mulheres como tema central. São três contos recheados de mulher pelada, humor escatológico, e piadas tão politicamente incorretas que certamente renderiam processos e "textão" na internet se esse filme fosse lançado no dias de hoje. 

O Elenco conta com as musas deliciosas Zilda Mayo e Matilde Mastragi. E sim, elas aparecem nuas em pelo em boa parte do longa. Sem isso, qual a graça, né? O diretor José Miziara é um rosto bem conhecido do grande público, afinal, durante anos fez parte do elenco de A Praça é Nossa, do SBT. Assim como Clayton Silva, também presente no filme e outra figura clássica do programa infame do Carlos Alberto.

Pecado Horizontal é uma comédia acima da média, se sustenta pelo humor, e se completa com a putaria. 









sábado, 7 de setembro de 2019

Rebelião nas Galáxias (Slave Girls from Beyond Infinity, 1987) | Dir: Ken Dixon - Crítica


Por Mauricio Castro

Duas garotas em trajes minúsculos fogem de uma prisão interestelar e acabam caindo no planeta dominado por um rico excêntrico chamado Zed (que aliás, é a cara de Christian Bale em O Psicopata Americano), cujo passatempo é caçar seus hóspedes. É isso, ou não. Afinal só fui descobrir que essa era premissa após uma hora de filme.

Rebelião nas Galáxias (título nacional) traz no seu DNA a escola Jim Wynorski de cinema. Ou seja, a formula: Gostosas + Peitos de Fora + Efeitos Toscos = Humor Involuntário.
Porém, nada do que escrevo acima qualifico como um demérito. Pelo Contrário, Slave Girls from Beyond Infinity é o tipo de obra que apreciamos neste blog. 

O melhor de Rebelião nas Galáxias é seu elenco, no caso, as garotas. Afinal, temos a chance de conferir a beleza de Elizabeth Kaitan, a Robin de Sexta-feira 13, parte 7: A Matança Continua. No mais, abra uma cerveja e divirta-se. 




sábado, 22 de junho de 2019

Kickboxer 4: O Agressor (Kickboxer 4: The Agressor, 1994) | Dir: Albert Pyun - Crítica


Por Mauricio Castro

Entre tantos filmes da franquia Kickboxer, por que escolhemos falar logo do número quatro? Ora bolas, por que nesse blog gostamos de filmes de qualidade duvidosa e que mesmo sendo considerados "ruins" tem um bom valor de entretenimento. E kickboxer 4 é uma tranqueira muito divertida!

Após o filme de estréia, aquele clássico com Van Damme, muitas produções picaretas se aproveitaram para usar o termo kickboxer (e distribuidoras brasileiras também!). Porém, Kickboxer de verdade, os "canônicos", são os que acompanham a saga da família Sloan lutando contra  o perverso Tong Po. 

Nesta quarta parte, dirigida por Albert Pyun (De Cyborg - O Dragão do Futuro e Kickboxer  2) temos o irmão mais novo da família Sloan, David, preso (sabe-se lá por que!!!) relembrando os fatos ocorridos nos primeiros três filmes. Os irmãos foram mortos e sua esposa sequestrada por Tong Po (que agora se tornou um traficante no México, puta merda!).

a reação de Tong Po ao ver Kickboxer 4: O Agressor


Tong Po realiza anualmente, no dia de finados, um campeonato de artes marciais (no melhor estilo Grande Dragão Branco) para... na verdade não fica muito claro o sentido desse campeonato existir. O vencedor leva um milhão de dólares, mas enfim, Tong Po é um rico excêntrico e deve gostar de ver sangue.

Ao saber do campeonato, a inteligência policial liberta David Sloan (wtf!!!) para investigar o esconderijo de Po, e também, salvar sua amada (que já está nas mãos do vilão há dois anos!!!).

Tong Po, deixou de lado os torneios para virar um gângster cafona. O ator que o interpretava (Michel Quissi) não quis retornar ao papel, sendo substituído por Kamel Krifa, um personal trainer e amigo de infância de Jean-Claude Van Damme. 

Aqui precisamos abrir um parênteses para falarmos sobre a maldita caracterização de Tong Po. Na intenção (preguiçosa) de deixa-lo parecido com Michel Quissi, lhe foi colocada uma máscara (sim, uma merda de uma máscara!) e quilos de maquiagem, o fazendo parecer o charlatão Walter Mercado.


O elenco de Kickboxer 4 conta com um figura bem conhecida dos fãs de horror. O braço direito do vilão é Tom Mathews (o Freddy, de A Volta dos Mortos-Vivos 1 e 2!). Tom está com um ar totalmente canastrão no longa, exibindo uma tatuagem mais falsa que nota de 3 reais no pescoço e nitidamente desenhada com pincel atômico.


Enfim, Kickboxer 4 é uma sequência odiada pelos fãs da franquia, principalmente os que a levam a sério (como se isso fosse possível). O próprio filme tem momentos de seriedade que beiram a vergonha alheia, e tenta ser realista nas lutas, porém, é impossível não dar risada com o nível de bobagens em tela. E justamente esses "deméritos" que me fazem ser um apreciador deste quarto capítulo de uma série de valor bem duvidoso.


CURIOSIDADES:

- O bar no qual David Sloan arma o maior quebra-pau aparece no 11º episódio da segunda temporada de Twin Peaks, "Masked Ball".


- O Roteirista David Yorkin, que assina Kickboxer 4 ao lado de Albert Pyun, é filho de Bud Yorkin, produtor dos dois filmes Bladerunner.

- Um cena de Stealth, protagonizada por Sloan, tem a única intenção de mostrar um ménage à trois (bem explícito, aliás). Procure a versão sem cortes.


terça-feira, 11 de junho de 2019

Deodato Holocaust (2019) | Dir: Felipe M. Guerra


Por Mauricio Castro

A 15ª edição do Fantaspoa (Festival de cinema fantástico de Porto Alegre) nos brindou com gratas surpresas. A presença do mestre Roger Corman e Christina Lindberg (sim, a  musa de Thriller - A Cruel Picture) deixou os fãs do cinema exploitation em polvorosa. E na sessão de abertura tivemos um ótimo documentário sobre um cineasta que amamos muito: Ruggero Deodato. Este também esteve presente na sessão que o homenageou. Comentando o longa, e como sempre irreverente e resmungão (rs).

O Cineasta tem sua carreira revisitada e contada por ele mesmo. Ao contrário de documentários que são formados a partir de um coro de vozes, Deodato Holocaust aposta no narrador único e confia no ponto de vista do próprio autor sobre sua obra.  Apesar disso, temos certos momentos de questionamentos e críticas em "off", afinal, a obra de Ruggero tem suas polêmicas (sim, a velha lenga-lenga da tartaruga...).

Apesar do título, Deodato Holocaust não usa o clássico filme de canibal como seu carro-chefe. A filmografia de Ruggero é abordada de forma homogênea e bem equilibrada. The House on the Edge of the Park, Raiders of Atlantis, o começo no cinema clássico italiano, a parceria com a Cannon, a amizade com David Hess... O que vemos em tela é um homem apaixonado pela sétima arte, um mestre quando se trata de do it yourself.

Vamos torcer que Deodato Holocaust siga no circuito de festivais e receba todo o reconhecimento que merece. E vida longa a Ruggero Deodato! 


segunda-feira, 6 de maio de 2019

Zombie High (1987) | Dir: Ron Link


Por Maurício Castro

Em 1987, Ron Link já era um diretor de renome nos teatros de Nova York. Já tinha dirigido o jovem Robert de Niro, na peça Glamour, Glory and Gold, e o novato Stallone em Somerset Maugham's. Teve também o privilégio de trabalhar com Divine (a atriz cult de Pink Flamingos) em Women Behind Bars. Eis que, Ron decide trabalhar com a sétima arte, e nos entrega o divertido, porém, (muito) confuso Zombie High.

Não se deixe enganar pelo título. Zombie High não tem (quase) nada de zumbis. E se você espera o zumbi tradicional, aquele morto vivo comedor de cérebros, vai dar com os burros n'água. Os zumbis de Ron Link funcionam mais como um crítica, uma metáfora. Calma, já te explico. Avisados? Vamos ao enredo. 

Andrea está em processo de mudança de escola. A bela jovem, vivida por Virgina Madsen (isso mesmo, a irmã do nosso eterno Cão de Aluguel Michael Madsen, e mais lembrada por Candyman), passa por um relacionamento já desgastado e o internato parece uma boa fuga desse problema, além disso, a instituição tem um ótimo currículo e diversos ex-alunos que hoje são político de sucesso. 
Ao chegar na escola, Virginia sente-se atraída, e ao mesmo tempo intimidada, por um dos professores (Richard Cox, de Cruising). Não suficiente, a garota terá outros problemas ligados ao misterioso local.  Entre eles, a descoberta sobre um plano diabólico envolvendo os professores.

Análise com Spoilers:

Na sua primeira hora, Zombie High se mostra com um college movie, ao melhor estilo John Hughes. Ou seja, piadinhas sobre cotidiano adolescente, o conservadorismo americano versus a juventude oitentista, a tensão sexual, enfim, o de sempre, porém sem o mesmo carisma de um Clube dos Cinco, por exemplo.

O filme segue esse tom até quase seu ato final. E é nessa última meia hora que tudo muda, e vai do college ao terror, ou a tentativa de fazer um filme de terror. Bom, vamos lá:

Virgina descobre que os professores usam seus alunos para obter um elixir rejuvenescedor e assim obter a vida eterna. Além de transforma-los em "zumbis", para que esses tenham obediência e sucesso na carreira estudantil e profissional. 

Sim, é isso mesmo que você leu aí. 

Talvez, eu disse talvez, Zombie High tivesse a intenção de ser uma crítica, ou metáfora, ao sistema de ensino americano. E seja um filme de mesma temática que o disco The Wall, do Pink Floyd. Talvez, de novo, seja uma crítica ao governo Reagan. Mas a certeza que temos é que você precisa conhecer essa pequena pérola dos 1980's.



quarta-feira, 17 de abril de 2019

Mark of the Devil (Hexen bis aufs Blut gequält, 1970) | Dir: Michael Armstrong


Por Mauricio Castro

Mark of the Devil é um filme mais lembrado pela sua reputação do que pelo seu valor cinematográfico. Injustamente diga-se de passagem, já que o longa é muito mais que o mero sadismo visual que sua fama propaga. 

Primeiro filme a receber classificação "V for Violence", a distribuição de saquinhos para vômito no cinema, chocante e perturbador, e blá blá blá. Mas de fato, esse exploitation sobre a inquisição, que antecipou em décadas o torture porn, merece sim sua atenção. E mais, esse que vos escreve é fã declarado do longa.

Ambientado em um vilarejo da Áustria, no século XVIII, Mark of the Devil irá nos mostrar através dos olhos do jovem inquisidor aprendiz Christian Von Meruh (Udo Kier, um dos nossos favoritos aqui no Blog) toda a barbárie que foi esse período. Seu mentor, Lord Cumberland (o veterano Herbert Lom) é um homem sexualmente frustrado, impotente (tanto ódio e recalque no coração devia mesmo ter um motivo, né?), e acredita fielmente na tortura como modo de purificação da alma, e na palavra do senhor Jesus Cristo (ou seja, gente de Deus fazendo maldade, novidade? Nenhuma). Ao conhecer Vanessa (Olivera Katarina), Christian vê nela uma vítima, condenada injustamente por bruxaria, e começa a repensar suas certezas e crenças. 

Mark of the Devil se vale de um dos períodos mais cruéis da história da humanidade para criar sequências de revirar o estômago dos desavisados. Claro que se tratando de um filme de 1970, pode perder o impacto diante de uma platéia já insensível à violência após os Albergues e Jogos Mortais da vida, porém, é uma obra cinematográfica corajosa. Não apenas pelo conteúdo gráfico, mas também, por tocar na ferida religiosa. 

Curiosidades: 

A trilha sonora de Michael Holm foi usada na sequência de abertura em Hobo With a Shotgun.

O veterano Michael Armstrong foi um dos roteiristas de Lifeforce, clássico de Tobe Hooper

Mark of The Devil teve uma sequência, em 1973, porém, sem nenhuma ligação com o filme original. 




sábado, 23 de março de 2019

The Dirt (2019) | Dir: Jeff Tremaine. (Netflix)


Por Mauricio Castro

Sabe aquele filme sobre banda de rock bonitinho que poderia passar na sessão da tarde e é indicado ao Oscar? Pois é, nessa produção do Netflix sobre os malucos do Motley Crue isso tudo passa longe. Escatológico, chapado e divertido pra caralho, The Dirt não se desculpa pelas merdas feitas pelos músicos, que aliás, são produtores do filme. Jeff Tremaine (Jackass) tem um senso de humor de um moleque de 14 anos, e isso, pelo menos pra esse que vos escreve, é tipo de comédia que se espera sobre uma banda de "Metal Farofa" (esse termo entrega a idade hein?).

Pornô com Pamela Anderson ( a moça, pelo visto, não quis ter sua imagem vinculada a essa galhofa), Tour com Ozzy Osbourne (numa das cenas mais nojentas do longa), overdoses e mais overdoses, squirtle (de cara, já na abertura. Ah, você não sabe o que é squirtle? Vai no twitter e pergunta, ora bolas!), tudo isso é só a "ponta da carreira". 

Faça uma dobradinha com This is Spinal Tap e reviva os tempos de um rock and roll retardado e sem pudor.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Clube dos Canibais (The Cannibal Club, 2018) | Dir: Guto Parente


Por Mauricio Castro

Após percorrer o circuito de festivais internacionais, angariar prêmios e elogios, o novo trabalho de Guto Parente pôde ser conferido na mostra A Vingança dos Filmes B, em Porto Alegre, no verão de 2019. 

Não se engane pelo título, este não é um exemplar (ou homenagem) ao subgênero italiano canibal. Muito menos um torture porn ao estilo Albergue. O Clube dos Canibais usa a metáfora da antropofagia para grifar o pior da elite brasileira.

Elite essa que se denomina conservadora nos costumes e liberal na economia, defensores da família tradicional e fervorosos nacionalistas, ou seja, aquele tipinho puxa-saco que vota em militar, sonha com pistolas automáticas, e acha que pobre tem mais é que trabalhar até morrer. 

Metáforas à parte, o "clube" do título é bem concreto, aparece em tela, e exibe a crueldade que o título prenuncia. Nele, temos homens burgueses que se deleitam ao contemplarem a desgraça alheia, leia-se: a desgraça de pobres coitados, que aos olhos destes, nem seres humanos são. E na trama central, temos um casal que além de se banquetear com a carne "mais barata do mercado" (como diria Elza Soares), ainda se divertem com fetiches sexuais, humilhação dos funcionários e jogos psicológicos. 

Falar mais sobre a premissa de O Clube dos Canibais poderia estragar sua experiência. 
O Clube dos Canibais pode ser considerado um "irmão espiritual" d'O Animal Cordial. Em ambos, a figura vilanesca tem a mesma fragilidade no ego, a mesma falta de empatia, o vício no poder e a necessidade de subjugar os fracos. Enfim, ótimo trabalho que exala ironia e só reforça que o que já dizia aquela velha canção dos mutantes: Dê um chute no patrão! 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Trauma (2017) | Dir: Lucio A. Rojas - Crítica


Por Mauricio Castro

Sob comando do General Augusto Pinochet, a ditadura militar Chilena foi uma das mais cruéis da história. De 1973 até 1990, o regime foi responsável pela morte de cerca de três mil pessoas e pela tortura de mais de 40 mil.  Esta chaga, ainda aberta na America Latina, é a base de Trauma, mais recente filme de Lucio A. Rojas.

Quatro garotas decidem fazer uma viagem até uma zona rural do Chile, e neste local, são violentadas e torturadas por dois homens cruéis. A premissa parece render apenas mais um slasher com toques de rape and revenge, né não? Pois é. No entanto, Rojas enxerta no enredo toda a barbárie do passado recente do país. O sadismo dos militares de Pinochet, leia-se fascistas de carteirinha, é uma herança que estes homens carregam nas veias, e sabem muito bem fazer uso do mal para destruir a alma de suas vítimas, e por consequência, a do espectador. 

Trauma tem circulado pelos festivais de cinema fantástico, e vem criando fama entre o público underground. Até mesmo os iniciados têm citado o filme como "o mais pesado desde..." ou "mais perturbador que A Serbian Film". Muita calma nessa hora. Sim, Trauma pega pesado e se esforça para gerar desconforto nos "corajosos" que se prestam a assisti-lo, porém, é muito subjetivo que o conteúdo gráfico do filme vá de fato lhe impactar.  Afinal, se você é velho(a) de guerra nessa longa estrada do horror, já deve ter visto coisas de sarapantar. Mas como eu disse, isso é subjetivo. 

O grande mérito de Trauma é jogar uma luz na crueldade dos regimes totalitários. É nos lembrar que a história recente tem vilões piores que o cinema de horror pode imaginar. É um alerta aos que pedem a volta da ditadura, e aos que confundem vingança com justiça social, acima de tudo, como escreveu Hannah Arendt, é sobre a banalidade do mal.