sábado, 23 de março de 2019

The Dirt (2019) | Dir: Jeff Tremaine. (Netflix)


Por Mauricio Castro

Sabe aquele filme sobre banda de rock bonitinho que poderia passar na sessão da tarde e é indicado ao Oscar? Pois é, nessa produção do Netflix sobre os malucos do Motley Crue isso tudo passa longe. Escatológico, chapado e divertido pra caralho, The Dirt não se desculpa pelas merdas feitas pelos músicos, que aliás, são produtores do filme. Jeff Tremaine (Jackass) tem um senso de humor de um moleque de 14 anos, e isso, pelo menos pra esse que vos escreve, é tipo de comédia que se espera sobre uma banda de "Metal Farofa" (esse termo entrega a idade hein?).

Pornô com Pamela Anderson ( a moça, pelo visto, não quis ter sua imagem vinculada a essa galhofa), Tour com Ozzy Osbourne (numa das cenas mais nojentas do longa), overdoses e mais overdoses, squirtle (de cara, já na abertura. Ah, você não sabe o que é squirtle? Vai no twitter e pergunta, ora bolas!), tudo isso é só a "ponta da carreira". 

Faça uma dobradinha com This is Spinal Tap e reviva os tempos de um rock and roll retardado e sem pudor.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Clube dos Canibais (The Cannibal Club, 2018) | Dir: Guto Parente


Por Mauricio Castro

Após percorrer o circuito de festivais internacionais, angariar prêmios e elogios, o novo trabalho de Guto Parente pôde ser conferido na mostra A Vingança dos Filmes B, em Porto Alegre, no verão de 2019. 

Não se engane pelo título, este não é um exemplar (ou homenagem) ao subgênero italiano canibal. Muito menos um torture porn ao estilo Albergue. O Clube dos Canibais usa a metáfora da antropofagia para grifar o pior da elite brasileira.

Elite essa que se denomina conservadora nos costumes e liberal na economia, defensores da família tradicional e fervorosos nacionalistas, ou seja, aquele tipinho puxa-saco que vota em militar, sonha com pistolas automáticas, e acha que pobre tem mais é que trabalhar até morrer. 

Metáforas à parte, o "clube" do título é bem concreto, aparece em tela, e exibe a crueldade que o título prenuncia. Nele, temos homens burgueses que se deleitam ao contemplarem a desgraça alheia, leia-se: a desgraça de pobres coitados, que aos olhos destes, nem seres humanos são. E na trama central, temos um casal que além de se banquetear com a carne "mais barata do mercado" (como diria Elza Soares), ainda se divertem com fetiches sexuais, humilhação dos funcionários e jogos psicológicos. 

Falar mais sobre a premissa de O Clube dos Canibais poderia estragar sua experiência. 
O Clube dos Canibais pode ser considerado um "irmão espiritual" d'O Animal Cordial. Em ambos, a figura vilanesca tem a mesma fragilidade no ego, a mesma falta de empatia, o vício no poder e a necessidade de subjugar os fracos. Enfim, ótimo trabalho que exala ironia e só reforça que o que já dizia aquela velha canção dos mutantes: Dê um chute no patrão!