domingo, 24 de junho de 2018

Hereditário (Hereditary, 2018) | Dir: Ari Aster - Crítica


Por Mauricio Castro 


As comparações e "puxa-saquismos" da mídia em torno do longa de Ari Aster, bradam: Hereditário é o novo Exorcista! O Filme de Terror do Século! O Mais assustador desde blá blá blá...Você aí, gato e gata escaldado(a), não vai cair nessa, não é mesmo? Pois bem. Excetuando todo o hype em cima da obra, o que sobra é sim um filme interessante e acima da média do que chega até as grandes salas comerciais. Isso é um elogio? De certa forma. Afinal, uma produção do calibre de Hereditário ser exibido em shopping center já é algo a ser louvado. Longe de ser uma obra-prima do horror, um longa que deixa a platéia (de blockbusters) em um silêncio incômodo por mais de duas horas já vale o ingresso. Os pontos negativos, pra mim, são justamente as concessões que Ari Aster abre aos que buscam o "horror comercial", com recursos já batidos e de fácil assimilação. E o timing... Hereditário pretende cansar o espectador, compreensível, mas parece perder o momento de "dar o bote" e adentrar o bizarro, e finalmente quando o faz, soa tardio. Enfim, assista, mas sem esperar a reinvenção da roda do terror.

domingo, 17 de junho de 2018

La Nuit a Dévoré le Monde (A Noite Devorou o Mundo, 2018) | Dir: Domenique Rocher - Crítica



Por Mauricio Castro


Em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês, o longa de estréia de Domenique Rocher tem a pretensão de usar o apocalipse zumbi como metáfora sobre a solidão humana, incomunicabilidade e todo um subtexto que dialoga muito mais com o drama existencial do que o horror. O jovem Sam, após romper com a namorada, vai até casa da garota buscar seus pertences. Ao chegar no local, e se deparar com um festa, decide se retirar a um cômodo vazio, e lá adormece. Porém, ao acordar (de um sono muito pesado, diga-se de passagem) se vê em um mundo tomado por uma horda de mortos-vivos. Como um náufrago urbano, ilhado em um prédio desabitado, Sam é a testemunha de uma civilização que chega ao seu crepúsculo. Se a premissa não apresenta grandes novidades, o mesmo não se pode falar de sua execução. Seja ela monótona ou não, é ao menos, interessante. Boa parte do longa exibe Sam como uma pessoa normal, inventando passatempos para não surtar. Tocando bateria, fazendo uma orquestra com utensílios domésticos, se exercitando... ou seja, o dia a dia, porém, sozinho. Se fugir do lugar comum dos filmes de zumbi te interessa, mesmo que para isso tenha que encarar um "papo cabeça" e por vezes entediante, veja A Noite Devorou o Mundo.