segunda-feira, 30 de abril de 2018

Brawl in Cell Block 99 (Confronto no Pavilhão 99, 2017) | S. Craig Zahler -Crítica


Por Mauricio Castro


Após o boa estreia em Bone Tomahawk (Rastro de Maldade), o longa que misturava faroeste e filmes de canibais, Zahler retorna com mais uma homenagem ao cinema exploitation. Desta vez fazendo ode aos filmes de cadeia dos anos 70, Gângsters e ação ao estilo brucutu bom de briga. Bradley Thomas, um ex-boxeador de passado nebuloso, acaba virando traficante por uma série de dissabores do destino, e após um trabalho frustado, no qual envolve a morte de alguns comparsas, lá vai ele pro xadrez. E é claro que os chefões do tráfico farão da vida dele na cadeia um inferno (ah um dos mafiosos é o nosso amado Udo Kier). Apesar de sofrer de um primeiro ato que se arrasta, cheio de cenas dispensáveis, no momento em que Brawl in Cell Block 99 vira um filme de cadeia, sai de baixo, a espera vale a pena e é só diversão e quebra-pau. S. Craig Zahler, esse cara promete. Disponível no Tugaflix.

Midnight Movies: From the Margin to the Mainstream, 2005. | Dir: Start Samuels - Crítica


Por Mauricio Castro

El Topo, Pink Flamingos, A Noite dos Mortos-Vivos, The Harder They Come, Rocky Horror Picture Show, Eraserhead. Em Midnight Movies: From the Margin to the Mainstream (2005), Stuart Samuels cria um panorama do que foi o fenômeno dos filmes da meia-noite. Sua contribuição para a cultura pop, sua subversão e seu contexto político e social. A experiência coletiva da sala de cinema, maconha e lsd consumidos livremente nas sessões, a cultura gay, ou seja, o underground que ganhou lugar nas telas dos drive-ins e do cine Elgin. Um documentário essencial para o cinema Rock and Roll.

A Filha de Calígula, 1981| Dir: Ody Fraga - Crítica


Por Mauricio Castro

O brasileiro só não domina o mundo porque não quer. Antes mesmo de Joe D’Amato, em 1982, ter lançado a sequência picareta “Calígula 2, A História Não Contada”, a terra brasilis já possuía a sua versão pornochanchada. Produzido por A.P Galante e dirigido pelo mestre Ody Fraga, A Filha de Calígula é uma sátira cheia de sacadas políticas, sociais e sexuais. Mas não se engane, nada aqui é uma crítica e nada se leva a sério. Os personagens usam metalinguagem pra falar mal do próprio filme! Em uma cena, uma das servas reclama: Esse filme tá é muito mal escrito. Outro solta: Aí é melhor fazer filme na Embrafilme... Genial! Rodado em apenas 15 dias, A Filha de Calígula é uma pequena pérola do cinema nacional (de um tempo mais divertido). E se encontra na íntegra no Youtube e ... Xvideos.

Super Dark Times (2017). Direção Kevin Phillips - Crítica


Por Mauricio Castro


À primeira vista, Super Dark Times parece se apoiar nos mesmos apelos nostálgicos (e manjados) de Stranger Things e It. Se assim fosse, seria só mais filme a reproduzir uma época, cheio de referências e citações, a fim de cair fácil nas graças do espectador. Mas logo de cara, o longa de estreia de Kevin Phillips mostra que faz jus aos prêmios que recebeu em festivais de horror e cinema fantástico pelo mundo (melhor filme no Neuchâtel Film Festival, da Suiça, por exemplo). Com uma premissa que poderia sim, ser pensada por Stephen King, Super Dark Times se passa nos anos 1990, e mostra como uma tragédia na adolescência é capaz de desunir laços de amizade e trazer à tona o pior do ser humano. Tudo isso com MUITO sangue. Destaque para a trilha sonora de Ben Frost, que intercala punk rock com bases eletrônicas que lembram muito Phillip Glass. Disponível no Netflix.

American Grindhouse, 2010 | Dir: Elijah Drenner - Crítica


Por Mauricio Castro

O documentário de Elijah Drenner traça um panorama sobre a ascensão e queda do cinema exploitation e a sua importância para a cultura americana, sempre conservadora e tão cheia de tabus. Por meio de entrevistas com John Landis, Joe Dante, William Lustig, Herschell Gordon Lewis, Jack Hill e dezena de outros realizadores (e fãs) de produções b, American Grindhouse trata do nascimento dos filmes apelativos ainda na era silenciosa, passa por Freaks, de Tod Browning, até chegar aos excessos dos anos setenta. Roughies, Noir, Bikers, Rape and Revenge, Women in Prison, Gore, Nazi, Sex e Blaxploition, ou seja, um nicho à margem dos grandes estúdios e que, após se tornar popular, teve suas ideias absorvidas e enlatadas por estes mesmos estúdios. Vale cada minuto, e ao término você vai ter vontade de convidar John Landis pra uma cerveja, afinal, esse cara é muito gente boa e um baita tirador de sarro.

The Editor, 2014 | Dir: Adam Brooks, Matthew Kennedy - Crítica


Por Mauricio Castro


O grupo de malucos canadenses Astron-6 tem uma visão peculiar sobre o terror e um senso de humor bem questionável. São apaixonados pelo cinema apelativo e suas produções levam esse termo ao limite do exagero. Nudez, violência e humor negro saltam à tela em doses cavalares. Após Father's Days e Manborg, esse bando de malucos lança, em 2014, The Editor, onde prestam uma “homenagem” (a palavra avacalham caberia melhor aqui) ao Giallo, os famosos Thriller italianos. Desde a dublagem bagaceira o filme se presta a emular, a ambientação de Mário Bava, e cenas inteiras de O Estranho Vício da Sra. Ward e o Esquartejador de Nova York são refeitas em clima de pura canastrice. Porém, as mortes e cenas gore são excelentes! Dão um alívio ao clima de comédia barata que chega a encher o saco. A trilha sonora do mestre Claúdio Simonetti é a cereja do bolo. No mais, não espere nada além de um passa tempo, ou perda de tempo mesmo. 

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Satan's Sadists (Os Sádicos de Satã, 1969) | Dir: Al Adamson - Crítica


Por Mauricio Castro

Imagine uma mistura de Quadrilha de Sádicos, Easy Rider e Intrépidos Punks... Produção de 1969, mesmo ano em que Dennis Hopper e Peter Fonda pegavam a estrada, Satan's Sadists conta a história de uma gangue de motoqueiros hippies que toca o terror pelo deserto americano. E é isso. O roteiro é um fiapo, as atuações canastronas e os personagens caricatos, ou seja, diversão garantida (se você tiver senso de humor pra tanto, é claro). Dirigido por Al Adamson (sujeito hábil no terreno do Exploitation, afinal, tem em seu currículo pérolas grindhouse do quilate de Drácula vs Frankenstein e I Spit on your Corpse) Satan's Sadists "pega carona" (momento piada infame) na onda dos bikers movies, produções de baixo orçamento que brotavam na segunda metade dos anos 1960. Outro bom exemplo da safra é Wild Angels, 1966, do mestre Roger Corman com Peter Fonda (ele de novo) no elenco. Abra uma cerveja e assista na sequência Faster Pussycat Kill Kill. Ambos Disponíveis legendados no Youtube.

Bomb City, 2017 | Dir: Jameson Brooks - Crítica


Por Mauricio Castro 

O caso Brian Deneke, tragédia ocorrida em Amarillo, Texas, 1997, serve de base para o longa de estreia de Jameson Brooks. Jameson é oriundo da cidade na qual o incidente ocorreu, portanto tem total discernimento para transpor à tela os fatos e a realidade da região. O jovem punk, Brian Deneke, de 19 anos, foi morto durante uma briga com garotos de um time de futebol local, a causa da morte: atropelamento. Ao volante estava Dustin Camp, na época com 17 anos, esportista de exemplar família cristã. Bomb City é um filme sobre a parcialidade da lei em um país retrogrado. É sobre a intolerância social, que ainda reina na terra Yankee, vide seu atual presidente. Ao jogar uma luz no caso, o filme nos dá um gostinho de justiça (ainda que tardio) revelando a faceta preconceituosa e limitada dos sulistas conservadores, intolerantes e reacionários. Infelizmente, Bomb City dialoga com nosso tempo, aqui na terra brasilis, tempo no qual vivemos com leis e indignações seletivas forjadas sob o aval de “deus” e dos “bons” costumes. Brian Deneke é lembrado até hoje, em Amarillo, no projeto Dynamite Museum, e no mundo por bandas de Punk e Hardcore, um exemplo é “A Punk Killed/Murderer” do Total Chaos.