domingo, 29 de julho de 2018

Rodas de Fogo (Wheels of Fire, 1985) | Dir: Cirio H. Santiago - Crítica



Por Mauricio Castro

O filipino Cirio H Santiago ostenta um currículo invejável quando se fala em cinema exploitation, produções pós-apocalípticas e tranqueiras cheias de mulher pelada. Dedicado ao cinema B, e na ativa desde os 1960, o prolífico cineasta se aproveitou de todos os subgêneros apelativos que pode. E é claro que não iria desperdiçar a chance de ter sua versão fajuta (e mais picante) de Mad Max. O hit ozploitation de George Miller rendeu dezenas de imitações, mas Wheels of Fire é talvez a melhor delas, e acredite em mim, um filme tão divertido quanto o original australiano. 


Ao invés de Max, temos Trace (Gary Watkins), um anti-herói típico desse tipo de aventura: um brucutu desconfiado, de pavio curto e louco para fazer justiça com as próprias mãos. Após sua irmã (a gostosa Lynda Wiesmeier) ser sequestrada por uma bando de foras da lei, liderados por Scourge (Joe Mari Avellana), Trace, a bordo de seu muscle car, parte numa jornada de resgate, que vai render muita porradaria e chumbo grosso. 


Como descrito acima, Wheels of Fire é uma versão com mais putaria que o longa de Miller. E muito disso por conta dos fartos (e lindos) peitos de Lynda Wiesmeier.  Na época, Lynda era playmate da playboy e exibia suas curvas em filmes de, digamos, orçamento limitado. 
Lynda Wiesmeier numa cena clássica de Wheels of Fire

Rodas de Fogo é um belo exemplo do cinema de CIrio H, Santiago. Um cineasta obscuro do exploitation, falecido em 2008, mas que merece maior atenção dos fãs de cinema vagabundo. 

Bastidores de Wheels of Fire




sexta-feira, 27 de julho de 2018

O Culto (Endless, 2018) | Dir: ‎Justin Benson‎, ‎Aaron Moorhead


Por Mauricio Castro

O Culto tem potencial de ser o novo queridinho do terror da temporada. Após Corra!, A Quiet Place e Hereditário, seria O Culto a próxima menina dos olhos do público e crítica? Pois então, se depender das 5 estrelas e 97 % de aprovação do Rotten Tomatoes ele já é um sucesso, e isso ninguém questiona. O filme independente, escrito, dirigido e atuado por Justin e Aaron, começa promissor, cita Lovecraft, se apropria do horror cósmico e... não me cativou. A premissa sobre dois irmão, ex-membros de uma "seita suicida", que retornam ao grupo após receberem um vídeo misterioso, poderia gerar um filme no nível de Kill List, de 2011. Mas é pretensioso, de uma seriedade desnecessária, e o humor (as vezes involuntário) nada pontual. Propositalmente confuso, com suas questões sobre o tempo, O Culto será daqueles filmes que os fãs irão dizer que você não vai entender, que é um filme para poucos... Pra mim, papo furado. 

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Breakdown - Implacável Perseguição (Breakdown, 1997) | Dir: Jonathan Mostow - Crítica



Por Mauricio Castro

Todo mundo que se interessa por cinema tem carinho por algum filme considerado "menor" e aos olhos de muitos, subestimado. Ontem, revendo Breakdown: Implacável Perseguição(1997), tenho certeza que esse é um dos meus. Dirigido por Jonathan Mostow, que mais tarde faria U-571 e o (muito) questionável Exterminador do Futuro 3, Breakdown é um thriller de ação na estrada, sem lenga-lenga, e certeiro. Até a premissa é urgente e sem tempo pra conversa: Um casal em viagem pelo deserto americano acaba com o carro enguiçado na estrada. Após a garota (Kathleen Quinlan) aceitar carona de um caminhoneiro (J.T Walsh), para procurar ajuda, ela desaparece. E começa a busca de Jeff (nosso ídolo, Kurt Russell) em busca da sua esposa. Uma mistura de Mad Max, Sob o Domínio do Medo e Encurralado. Infinitamente reprisado na tv aberta, Breakdown é um pequeno clássico (particular, ao menos pra mim).



Em breakdown, Kurt Russell sai da zona de conforto do herói de filmes de ação. Ou seja, aqui não temos nada ao estilo Fuga de Nova York, Aventureiros do Bairro Proibido ou Tango & Cash. Sobra a jornada do homem comum, descobrindo-se um sobrevivente e reunindo forças para revidar a violência que sofre. Se acima comparei Breakdown com Sob o Domínio do Medo, uma das obras-primas do mestre Sam Peckinpah, é justamente essa semelhança que salta à tela. Em Sob o Domínio do Medo, Dustin Hoffman, um tímido acadêmico, precisa defender sua casa, a esposa recém-violentada e um rapaz inocente da fúria de caipiras sedentos de sangue. O personagem de Hoffman, sob pressão, se mostra uma fera e parte para a matança. Jeff, o personagem de Russell, irá pelo mesmo caminho. Sem habilidades especiais, sem resistência física, e com um figurino almofadinha, vai dar o troco nos rednecks. 


Breakdown teve o orçamento de 36 milhões e produção do lendário Dino de Laurentiis. Gravado a céu aberto, quase inteiramente à luz do dia, o filme sabe onde usar a verba: carros capotando, tiros e explosões. Cenas marcantes de perseguição são reservadas ao terceiro ato, e um encerramento emblemático que deixa no espectador uma sensação de alma lavada. 




Kurt Russell, Dino De Laurentiis, Jonathan Mostow, e Martha De Laurentiis durante a gravação de  Breakdown (1997)

domingo, 22 de julho de 2018

Comboio do Terror (Trucks, 1997) | Dir: Chris Tomson


Por Mauricio Castro 

O telefilme de Tomson se trata da segunda adaptação do conto Trucks, presente no livro Sombras da Noite, de Stephen King. O próprio autor já teria realizado (cometido), em 1986, Maximum Overdrive, a primeira sofrível versão do seu próprio texto. Pois bem, o filme de 1997 vai muito além do original? É algo que vai acrescentar algo na sua bagagem cinematográfica? Caro leitor, no momento que você se presta a assistir um filme sobre caminhões assassinos (que, aliás, se conduzem sozinhos) não tem o direito de reclamar sobre qualidade ou verossimilhança. Portanto, caso você procure um passatempo divertido (mas nem tanto) e algumas doses de humor negro, vale a pena sim, abrir uma cerveja, um pacote de salgadinhos e conferir Trucks. Fiz isso em um sábado à noite, uma sessão dupla, primeiro Comboio do Terror e na sequência Cyborg - O Dragão do Futuro (em breve falamos dele). Sobrevivi e fui dormir faceiro após uma overdose de cinema vagabundo.



Você conhece o trabalho de Chris Tomson, quer apostar? Ele é o responsável pelo infinitamente reprisado "sucesso" do cinema em casa do SBT, e filme que ostenta um dos melhores títulos nacionais de todos os tempos, estou falando de... Enchente: Quem Salvará Nossos Filhos? (The Flood: Who Will Save Our Children?) Sim, o nome original da obra é esse mesmo, ou seja, a distribuidora não é culpada pelo nome esdrúxulo nesse caso.

A premissa de Trucks é tão destrambelhada e ridícula quanto sua execução. Na cidade interiorana de Lunar, “famosa” ( famosa pero no mucho, vide que o número de habitantes não deve chegar a 10) por suas aparições de OVNIS, um grupo de “turistas” e moradores acabam encurralados em meio a caminhões, que misteriosamente ganham vida, e sem razão aparente decidem eliminar a raça humana. Comboio do Terror tem ao menos dois momentos que valem o filme! Um deles envolve um caminhão psicopata... de brinquedo, e o outro, uma morte, no melhor estilo slasher orquestrada por um assassino.. inflável, isso mesmo, duas sequências totalmente retardadas, mas que ilustram bem o seu (baixo) nível e total despretensão. Outra qualidade de Trucks é saber usar recursos práticos e zero CGI em suas cenas de ação, ou seja, os carros e caminhões se destroem pra valer, e quando algo explode é de verdade! A Asylum Pictures nessa situação usaria computação gráfica vagabunda, caminhões falsos e no mínimo enfiaria dois tubarões na trama.



Comprei o Dvd de Trucks - O Comboio do Terror, em uma vídeo locadora que estava fechando suas portas e liquidando todo seu acervo. Por míseros 5 reais adquiri essa tranqueira que, apesar de tudo, e em meio a tanta porcaria lançada no gênero de horror, sabe rir de si mesma e não é de se jogar fora.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Turbo Kid (2015) | Dir: François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell - Crítica


Por Mauricio Castro

O pós-apocalíptico ano de 1997 é o cenário para Turbo Kid, uma aventura divertida e... encharcada de sangue. O órfão Kid, aficionado por histórias em quadrinhos, não tem muito o que fazer em um mundo devastado, então passa o tempo catando tralha no lixão e correndo com sua bike pelos escombros. Isso sempre afastado do território de Zeus, um filho da puta que usa o sangue de humanos como matéria prima para fabricar a água que consome. Mas Kid terá sua pacata rotina abalada pela chegada de Apple, uma garota gente fina e um tanto destrambelhada...



Além de apenas emular a atmosfera oitentista, e jogar referências na tela, o longa dos jovens  François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell, consegue ter vida própria e segurar a barra com recursos limitados. Sem os carros de Mad Max, temos bicicletas BMX, sem Tina Turner, temos o vilão por excelência, e que parece estar se divertido pacas, Michael Ironside. E para os fãs de horror sobram litros de sangue e tripas! Lembra de Hobo With a Shotgun? Então, Turbo Kid tem o mesmo "senso de humor". Claro que o longa tem os deslises típicos da inexperiência dos jovens diretores, mas compensa suas falhas sabendo rir de si mesmo. 

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Visiting Hours (Horário de Visita, 1982) | Dir: Jean-Cloud Lord - Crítica


Por Maurício Castro

Em 1982, o subgênero slasher proliferava exponencialmente e sua fórmula ainda não havia saturado. Pelo contrário, ia de vento em popa, afinal, começavam a nascer franquias e novos personagens que se tornariam marcantes no horror. Porém, alguns longas saíam do lugar comum a abordar o mesmo feijão-com-arroz sob perspectivas peculiares e até com maior profundidade nas suas entrelinhas. Ao falar sobre a misoginia de forma explícita, e crítica, Horário de Visitas é um caso acima da média. Se outros slashers deixavam o moralismo, e o ódio ao feminino, implícito no psicológico do assassino, e nos davam vislumbres através das mortes, o filme de Jean-Cloud Lord não faz questão de esconder que o serial killer (vivido pelo sempre ótimo Michael Ironside) odeia as mulheres e além de mata-las, não quer que elas tenham voz ativa. Sujeitinho problemático pra caralho, mas que você conhece muito bem e aposto que já cruzou com alguns no seu círculo de convívio, não é mesmo? Isso que torna o assassino de Visting Hours um psicopata tão crível e ameaçador. 




Indignado com a jornalista, defensora dos direitos das mulheres, Deborah Ballin (a oscarizada Lee Grant), o personagem vai transformar a vida da moça em um inferno. Após o primeiro ataque, na residência de Ballin, ele passa a persegui-la no hospital em que fora internada, devido aos ferimentos causados pelo maluco. Nesse ponto temos o ambiente claustrofóbico hospitalar aliado à paranoia da perseguição.



A estrutura de Horário de Visita se assemelha a slashers menos convencionais, ou seja, não espere um Sexta-Feira 13 aqui. Visto que a produção apresenta uma narrativa propositalmente lenta, construindo a personalidade do psicopata, e o medo da vítima, pouco a pouco. Se você gosta de Maniac, de William Lustig, e O Padrasto, de Joseph Ruben, pode ir ver sem medo de ser feliz.
O elenco conta ainda com William Shatner (que dispensa apresentações) e a cantora e atriz Linda Purl.