segunda-feira, 4 de abril de 2022

Titane (2021) | Dir: Julia Ducornau

 


Após Raw ter chocado as plateias mais sensíveis nos festivais europeus e espectadores incautos da Netflix, Julia Ducornau retorna com mais um longa esquisito, indigesto e muito interessante.

Quando criança, Alexia é vítima de um acidente de carro, tendo que implantar uma placa de Titânio na cabeça. Os anos passam e Alexia trabalha com performances de dança em eventos automotivos. Alexia é uma celebridade nesse meio underground. Acumula admiradores, alguns deles bem excêntricos, diga-se de passagem. 


A relação de Alexia com o meio automobilístico vai além da profissão. Ela tem uma atração carnal pelo seu carro, chegando a consumar relações sexuais com a máquina. Numa dessas ocasiões, Alexia engravida do veículo. Sim, isso mesmo que você leu! Não se preocupe, toda a sinopse até agora são apenas os minutos iniciais do longa. Tanto que, um dos defeitos do filme é justamente abandonar quase completamente essa premissa ao longo de sua duração.

Titane parece uma colcha de retalhos que une em uma produção três roteiros totalmente distintos tentando liga-los através de uma linha narrativa. Porém, falta equilíbrio para lidar com tanta informação. Temos aqui um filme sobre paternidade, serial-killers e... uma mulher que transa com um carro.

Mesmo mal resolvido, Titane tem momentos brilhantes (destaque para a cena da festa do corpo de bombeiros ao som de Lighthouse, do grupo Future Islands). O longa tem em seu subtexto debates que vão além de sua aparente excentricidade. Masculinidade tóxica, luto, maternidade, no fundo, sob a camada da estranheza, Titane é sobre essas coisas. 



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