sábado, 15 de setembro de 2018

Mandy (2018) | Dir: Panos Cosmatos - Crítica


Por Mauricio Castro

O Italiano George P. Cosmatos, falecido em 2005, realizou alguns dos mais memoráveis filmes de ação de todos os tempos, entre eles: Rambo 2, Cobra (por aqui conhecido como Stallone Cobra, clássico absoluto do SBT), A Travessia de Cassandra e o faroeste Tombstone.

Seu filho, Panos Cosmatos faz um cinema autoral e que, em parte, segue os passos do mestre. Porém, sua linguagem e abordagem são menos convencionais, bem menos, diga-se de passagem. A premissa de Mandy, a princípio simples, vai decepcionar muito os desavisados que procuram o escapismo de uma Cannon Group ou as explosões inconsequentes dos filmes do velho Cosmatos. Red, vivido pelo famigerado Nicolas Cage, tem sua namorada raptada e morta violentamente por uma gangue de hippies lunáticos, e parte em busca de vingança. À primeira vista mais um filme de ação e vingança, não? Algo Tarantinesco talvez. Ledo engado, se você espera algo do tipo vai quebrar a cara.


Apesar do plot nitidamente exploitation, Mandy usa recursos visuais muito ricos e super exagerados, lembrando os trabalhos mais psicodélicos de Gaspar Noé. E é claro que essa tendência de usar  cores em neon pode incomodar alguns e tornar a experiência (muito) cansativa. Sinceramente, a primeira hora de Mandy, devido a sua fotografia e seu roteiro lento, é um desafio e exige paciência. Ou você embarca na viagem alucinógena ou desiste.

Porém, a segunda hora e seu ato final reservam grandes momentos de violência, e faz toda a espera ser recompensada. Nicolas Cage, conhecido por seu overacting, suas caras e bocas, e papéis canastrões, fica super à vontade e deixa todo seu potencial de louco varrido transparecer na tela. 


Mandy é uma mistura louca dos apelativos Satan's Sadists e I Drink Your Blood com os delírios visuais de Enter the Void. Não é para todos os públicos, mas acredito que deve ser violento e divertido o suficiente para deixar o saudoso George P. Cosmatos orgulhoso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário